Por que lidere como uma garota?

Por que lidere como uma garota?

Tem frase nova na PEITA: “Lidere como uma garota.” entra para o puta catálogo em dezembro. Ela foi desenvolvida em colab com a Herbig, uma empresa de consultoria financeira para pequenos negócios e pessoas, sendo 90% composto por mulheres. Durante o último ano, fornecemos a camiseta estampada com a nova frase para que a nossa parceira promovesse eventos de educação financeira para mulheres com o lucro dessas revendas. Entre os temas abordados estão a construção histórica da mulher e sociedade, futuro do trabalho para mulheres, finanças e sustentabilidade.

Karina Gallon, la puta madre da PEITA, aponta a herança que subjuga as líderes. “O ato de discursar e falar em público foi considerado a maior responsabilidade dos líderes na antiguidade e era uma atividade exclusivamente masculina. Em O lado invisível da Economia, Katrine Marçal diz que a natureza altruísta das mulheres as ligava à esfera privada; tornando-as economicamente irrelevantes. Isso impactou a sociedade gerando um padrão cultural que é mantido por gerações e, por estar presente de forma inconsciente, poucas vezes é questionado. Uma trajetória marcada pelo silenciamento do discurso feminino. Que faz as mulheres inapropriadas para ocupar o mercado de trabalho, determinados cargos, lugares de poder e liderança. Assim, ‘Lidere como uma garota’ é subverter essa tradição e ocupar o espaço corporativo com narrativas feministas.”

“Nós acreditamos que ela (camiseta) serve como uma ferramenta para nos sentirmos mais seguras, fortes e para vermos que não estamos sozinhas”, compartilhou uma das proprietárias da Herbig, Marina Santos Pinto.

 

( • ) Por que precisamos de mulheres ocupando cargos de liderança?


Casos de assédio sexual e moral sofridos por Dani Calabresa e outras mulheres que trabalham na R3d3 Gl0b0 de Silenciamento, expostos hoje pela Revista Piauí, nos fazem pensar: e se ao invés de um homem no cargo de direção houvesse uma mulher? Ela se esfregaria nos colegas de trabalho, pegaria nas pessoas sem consentimento enquanto as chama de gostosas na frente de toda a equipe? Homens assediam porque o sistema sugere que eles podem se safar. Já viu o sistema favorecer uma mulher?

Não estamos dizendo que equiparar a proporção de mulheres na liderança acabaria com o abuso de poder nas empresas. Sabemos que não é sobre isso e seria leviano da nossa parte afirmar tal coisa. Mas acreditamos que reduziria sim. Cremos que uma pessoa que sofre opressões e é desacredita a vida toda apenas por ser mulher, almeja um ambiente mais seguro e de oportunidades mais igualitárias e justas para sua equipe.

Também temos ciência que só isso não seria suficiente. Uma boa líder promove formação e treinamentos, desenvolve metas e cotas para equilíbrio de gênero e raça, oferece flexibilidade de horários, desenvolve uma cultura inclusiva, revê abordagens no recrutamento e entende as reais necessidades de quem está liderando.

Liderar como uma garota não é apenas ocupar o lugar do opressor, é desconstruir estruturas sociais e econômicas de poder mantidas por milhares de anos que sempre nos inferiorizam. Um puta trabalho!

Liderar como uma garota é uma revolta contra a ordem social de que a mulher abandona a empresa para ter uma criança, nos reduzindo ao papel de simples reprodutoras destinadas ao cuidado. Essa falácia faz com que sejamos submetidas a exames de sangue ou tenhamos que responder perguntas como “quando foi sua última menstruação” nos exames adicionais. DO QUE IMPORTA PRA EMPRESA SEU CICLO MENSTRUAL? Quer ter certeza de está em uma situação machista, inverte os gêneros dos envolvidos.
Nesse mesmo exame perguntam aos homens quando foi a última vez que tiveram relação sexual?

Por que as empresas não oferecem rodas de conversa sobre paternidade responsável ao invés de problematizar a sobrecarga das mulheres que precisam levar as crianças à pediatra, participar de reuniões ou buscar mais cedo na escola? E os estereótipos de gênero que reduzem as mulheres a emotivas, intuitivas e agressivas? Tem também a baixa autoestima ou síndrome de impostora. Segundo o estudo da Linkedin e Bain, um homem se candidata a uma vaga preenchendo 60% dos pré-requisitos, enquanto mulheres não se sentem seguras se não corresponderem a 100%.

 

( • ) Qual a situação do Brasil?


De acordo com a pesquisa mais recente do International Business Report da Grant Thornton:
- 34% dos cargos de liderança sênior (CEO) nas empresas são ocupados por mulheres.
- diretor de operações (COO), houve queda de 21% em 2019, para 16% em 2020.
- diretora Financeiro 34% (38% em 2019).
- diretora de TI 12% (17% em 2019).
- diretora de Recursos Humanos 32% (31% em 2019).
- diretora de Marketing 16% (20% em 2019).
- controladoria 8% (9% em 2019).
- diretor de Vendas 12% (16% em 2019).
- apenas 4% das empresas tem sócias mulheres.


Quer mais provocações sobre o tema? Leia também o texto e pesquisa que a Thati Tucci, recursos humanos da PEITA, elaborou sobre rivalidade feminina e mercado de trabalho para uma palestra que fomos convidadas a ministrar em uma grande empresa de Curitiba.

 

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peita.me
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