Quantas pessoas gordas você já encontrou na academia? Não, não estou falando de malhação, estou falando de universidade. Quantas professoras gordas você já teve? Quais são suas referências de mulheres gordas, sábias e bem sucedidas? E quantas dessas escrevem e transformam em uma experiência prática as próprias vivências no sentido de empoderar suas iguais?
A Malu Jimenez Jimenez faz tudo isso. Com a tese “Lute como uma gorda: gordofobia, resistências e ativismos”, ela usa da autoetnografia para falar de cultura, corpo gordo e feminismo, transformando, não apenas a própria caminhada, mas a de muita gente, em algo mais suave.
Em um paralelo que desafia livros inclusive feministas, como os de Amanda Lovelace, Malu Jimenez provoca quem a lê a refletir sobre a inexistência dos contos de fadas na vida da mulher gorda, sem príncipe a salvá-la.
Temas fundamentais como a estigmatização do corpo gordo, falta de acessibilidade, preocupação com a saúde, com o famoso “toda gorda está doente”, consumo de alimentos vigiados, roupas que não cabem, relacionamentos abusivos, beleza versus feiúra, mercado alimentício, dietas, plus size, pornografia, entre outras imensas questões que pautam a vida de uma mulher gorda.
Com muita destreza no que diz respeito à redação de uma tese, Malu consegue aproximar a academia das ruas e encurtar distâncias ao escrever em primeira pessoa, ao citar teorias em meio a tantos depoimentos ouvidos ao longo da vida, ao criar pontes e não mais muros e, vai mais longe, transformar uma tese em algo que dá para ser não só lido, mas vestido, dialogando e adentrando diferentes ambientes, com a camiseta LUTE COMO UMA GORDA, que é lançada agora, com remodelagem de todos os tamanhos da Puta Peita.
A tese, abaixo publicada, é, então, um texto que é livre de padrões rígidos academicistas, mas que comunica exatamente o que se propôs: falar sobre a vida das mulheres gordas, sobre ativismo e sobre inclusão.
E o objetivo é alcançado. Ler a tese é como receber um abraço, é como olhar no espelho e se reconhecer, é como sair do solitário limbo que a gordofobia nos encarcera e se sentir compreendida.
Contudo, não é um texto apenas para mulheres gordas. Pelo contrário, arrisco a dizer que é um texto para pessoas magras - homens e mulheres - e que não é necessário, é obrigatório. Se estamos pensando num universo que seja desconstruído, a hora de começar a pensar as interseccionalidades é agora e um bom jeito é deixando de multiplicar a gordofobia.
Boa leitura! Leia aqui a tese “Lute como uma gorda: gordofobia, resistências e ativismos” da Malu Jimenez .
Lute como uma gorda!
Jéssica Balbino é o tipo de mulher elétrica, que mistura jornalismo, produção cultural e literatura com pimenta, cafeína, fósforo e gasolina.
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1 comentário
Obrigada @putapeita @jéssicabalbino_ por tanto acolhimento, apoio e parceria! #vamosjuntas.Eu não ando só! ♡♡♡♡