O evento começa terça-feira, 13, às 9h, com uma sessão solene no Plenário Ulysses Guimarães - a Câmara dos Deputados, em Brasília. Seguido, às 14h, por atividades de cunho cultural e formativo apresentadas pelas próprias margaridas para as margaridas, uma troca de conhecimentos (e comidas gostosas) entre as participantes. E finalmente, às 19h, será o ato de abertura que definirá o humor da marcha do dia seguinte.
A concentração para a marcha é na quarta, 14, às 6h, no Pavilhão do Parque da Cidade, de onde as margaridas saem em protesto até a Esplanada dos Ministérios, com o ato de encerramento por volta das 11h. Desde 2000, a cada quatro anos, as margaridas - trabalhadoras do campo, das florestas e das águas - tem se reunido em Brasília para continuar a luta da primeira Margarida pelo direito à terra, à água, e ao trabalho digno no campo - sem o qual a cidade passa fome.
A Marcha das Margaridas é o maior movimento feminino da América Latina, trazendo inclusive trabalhadoras de outros países para somar à luta que já conquistou coisas como: O Programa Nacional de Documentação da Trabalhadora Rural, que segundo Carmen Foro, vice-presidenta da Central Única de Trabalhadores (CUT Brasil) e diretora da Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), beneficiou mais de um milhão de mulheres que não tinham registros em órgãos do governo; e o direito da Titulação Conjunta que garante o direito igual sobre terras familiares entre marido e esposa.
Margarida Maria Alves foi executada em 12 de Agosto de 1983, no município de Alagoa Grande - PB. Em plena administração Bolsonaro é possível se acreditar que dessa vez quem está apontando a arma na cabeça das margaridas é o próprio Governo Federal, por exemplo, liberando o uso de 239 tipos diferentes de agrotóxicos que além de adoecer fazendeiras obrigadas a trabalhar com ele, adoece as consumidoras que se alimentam com os produtos infectados e ameaça o negócio de mulheres independentes que não conseguem competir com os grandes latifúndios cheios de veneno. Ou quem sabe, por outro exemplo, a insistência de Bolsonaro de tirar o poder da demarcação de terras indígenas da Funai (Fundação Nacional do Índio) e o entregaria em bandeja de prata para o Ministério da Agricultura, que tem mantido e incentivado a exploração do agronegócio.
O governo atual está causando retrocessos em todos aspectos da vida brasileira, mas as margaridas não estão apenas se posicionando contra esses retrocessos. Elas querem também avanços que beneficiem todas as mulheres, não importa se elas moram no campo, na floresta ou na cidade. Em 2019 a luta continua, colocando em pauta, além da oposição contra os retrocessos bolsonaristas, a luta contra o racismo e a LGBTfobia, a luta a favor da agroecologia e a luta pela autodeterminação dos povos e da soberania popular local sobre a alimentação e produção de energia.
E não é só camponesa que luta como uma margarida. O que elas estão reivindicando afeta todas as mulheres, não importa de onde elas vem ou para onde elas vão. Então mesmo que você não seja uma dessas trabalhadoras, considere somar. Se estiver por Brasília nos dias 13 e 14 de agosto, não se esqueça do chapéu de palha, da sua peita (ou qualquer outra camiseta que simboliza sua luta), e das faixas exigindo um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência.
Felicia Guerreiro
Fotos: Lula Marques
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