MINHA DEFICIÊNCIA NÃO ME DEFINE por Amanda Lyra

MINHA DEFICIÊNCIA NÃO ME DEFINE por Amanda Lyra

Eu não quero ser lembrada pura e simplesmente por ser uma pessoa com deficiência. Não que a minha condição seja um problema para mim, pelo contrário, me sinto grata por aprender caminhos para o amor próprio e para resoluções através da dor que passei. Não mudaria meu passado, pois foi ele que me ensinou a ver o mundo como vejo hoje e me sinto extremamente orgulhosa de mim mesma de poder ajudar outras pessoas a enxergarem o colorido em dias difíceis por meio da minha trajetória, da representatividade e da troca de experiências.


Mas sou um universo inteiro de complexidade, como qualquer outra pessoa, e gostaria de ser lembrada pelas minhas escolhas, meus talentos, minha postura frente a situações complicadas, minha arte, meu caminho trilhado a pé ou de rodinhas.


Todo mundo espera reconhecimento, de uma forma ou de outra e pelos mais variados motivos. Pessoas com deficiências não são diferentes nisso, se esforçam e se dedicam para alcançar seus objetivos, o que muda é que, na maior parte das vezes,

 

há obstáculos diversos que não existem na mesma intensidade para pessoas que não possuem nenhuma limitação física, motora ou intelectual. 


O que esperamos é justamente sermos lembradas e lembrados pelo resultado e não pelas condições em si. Não somos mais que ninguém, nem desejamos tapinhas no ombro por termos realizado feitos que qualquer pessoa esforçada conseguiria, queremos medalhas por vitórias justas e não migalhas de biscoito em redes sociais por estarmos simplesmente tentando viver nossas vidas adaptadas às nossas deficiências.


Queremos, sim, os parabéns, as felicitações, as homenagens, o mérito e reconhecimento, tudo o que nos estimule a seguir em frente, mas de forma digna e adulta, sem capacitismo, sem exageros ou hipérboles sociais, da mesma forma que qualquer pessoa gostaria de ser reconhecida.  Somos profissionais, com capacidades e empenho, e também temos defeitos, desejos e manias, dias de muita ou de pouca produtividade. 


Quero que vocês, caras leitoras e leitores, gostem dos meus textos por que são bons, porque nos conectam, porque agregam ou de alguma forma inspiram... Mas não, nunca, jamais, pelo fato de eu ser cadeirante. 


Todo mundo quer um motivo pra seguir na luta. O apoio, suporte e ajuda são essenciais a todos os seres humanos. O incentivo através do elogio é muito bem vindo, só lembrar (como sempre) que a Pessoa vem antes da Deficiência. 

 

 

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Amanda Lyra é cantora, compositora, produtora e apresentadora, cadeirante e idealizadora do Projeto Solyra. Siga ela no FACEBOOK e INSTAGRAM.

Paloma Santos é ilustradora, cadeirante e feminista. "No meu trabalho como ilustradora tento representar a diversidade feminina". Siga ela no INSTAGRAM e curta a página no FACEBOOK.

 

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