É preciso entender que a diversidade dos corpos é algo natural e que cada um tem o seu jeito de fazer as coisas – seja por escolha ou por condição.
Me peguei pensando em como a gratidão e a plenitude são provenientes da paciência.
A paciência de quem finalmente descobre o peso da única verdade absoluta:
o fato de que tudo, absolutamente, TUDO acaba um dia - e o que realmente importa, é o que rola no caminho. Na verdade, é libertador entender que a dor, a tristeza e as limitações vão passar e que um dia a gente vira adubo e, tá tudo bem! É a lei da vida, é a natureza.
E desse pensamento, me veio aquele velho pensamento padrão-normativo vigente na sociedade: que os mais fortes, esbeltos, simétricos ocupam posições “invejáveis”, que a perfeição física e intelectual deve ser o sonho de consumo de todas as pessoas e que apenas tendo filhos você terá um legado...
Será? Lógico que não!
Você pode deixar seu legado na história para a sua espécie evoluir de várias formas! E digo mais: para isso não precisa necessariamente procriar e nem ter força física. Afinal, pessoas super fortes e com uma prole “invejável” já morreram à míngua e nunca mais foram mencionados – em contrapartida existem muitas “Fridas” e “Hawkings”.
Aquela velha frase "Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças" nunca fez tanto sentido. Adaptação é a verdadeira lei da natureza.
Com o advento da internet, temos o poder em nossas mãos. Deixar legados, fazer parte de lutas que deixam o mundo melhor, eternizar nossa voz. Podemos fazer o bem, sabia? Acabar com o machismo, capacitismo, racismo, gordofobia, homofobia, transfobia e todas essas fobias de pessoas cuja ignorância resulta em violência e comentários dispensáveis.
O fato é que estamos aqui para fazer a diferença de alguma forma. E todas temos esse poder - TODAS! Então não caia nessa história que uma deficiência vai te impedir de dar um jeito e se adaptar para cumprir seu objetivo.
É preciso entender que a diversidade dos corpos é algo natural e que cada um tem o seu jeito de fazer as coisas – seja por escolha ou por condição. Exemplo: Se o objetivo é chegar até um determinado lugar, o importante é chegar lá - não interessa se vai correndo, mancando, usando andador, cadeira de rodas, cão guia, bengala...
Ahh! E não há problema nenhum em precisar de ajuda de outras pessoas, afinal, até quem “vai de carro”, em algum momento, precisará de um mecânico.
Fica mais fácil de se sentir grato quando aceitamos que:
• a gente vai morrer, mais cedo ou mais tarde;
• todo mundo precisa de ajuda em alguma coisa na vida;
• tem coisas que você simplesmente não vai conseguir fazer na sua vida – da forma que você imaginou;
• que dá para substituir a frustração pelo que realmente importa, o PROPÓSITO.
Depois que entendemos a verdade desses fatos, só nos resta nos agarrarmos à vida - e a tudo o que ela pode nos proporcionar.
Lembre-se sempre que tem dias difíceis, mas eles passam - que tem dores horríveis, mas elas passam. Independentemente da sua existência o mundo vai continuar girando e novos corpos vão habitar esse mundo. E se você for resistência, pode usar as SUAS dores para lutar contra um dos maiores terrores da humanidade: o preconceito.
Erga a cabeça e vai atrás do que você quer, sem vergonha de fazer do seu jeito, de mostrar o seu corpo, suas cicatrizes e tudo o que te faz ser EXATAMENTE quem você é!
Se aceita que dói menos!
Repita diariamente para seu espelho:
Vai atrás do que você quer, você pode, VOCÊ é incrível!
( • )
Amanda Lyra é cantora, compositora, produtora e apresentadora, cadeirante e idealizadora do Projeto Solyra. Siga ela no FACEBOOK e INSTAGRAM.
Paloma Santos é ilustradora, cadeirante e feminista. "No meu trabalho como ilustradora tento representar a diversidade feminina". Siga ela no INSTAGRAM e curta a página no FACEBOOK.
