Peita e Coletivo Igualdade Menstrual lançam Sangro, logo resisto.

Peita e Coletivo Igualdade Menstrual lançam Sangro, logo resisto.

Por que a higiene menstrual não é tratada como uma questão de saúde pública se mulheres cis, transmasculinos travestis e pessoas não binárias com capacidade de gestar representam a maioria da população?

 

Imagine como é usar miolo de pão no lugar de absorvente, copo ou calcinha menstrual. Pensa só como é ter cólicas que provocam calafrios enquanto você dorme em um colchão na rua em um dia de frio. Calcule como é não ter papel higiênico ou água encanada em casa para tomar um banho quando você está menstruada.

Além da privação de chuveiros em suas residências, 4 milhões de meninas sofrem com pelo menos uma privação de higiene nas escolas. Isso inclui falta de acesso a absorventes e instalações básicas nos colégios, como banheiros e sabonetes. Dessas, quase 200 mil alunas estão totalmente privadas de condições mínimas para cuidar da sua menstruação na escola. O resultado? Não conseguem ir à escola durante o período menstrual, ou seja, todo mês precisam faltar.

A pobreza menstrual tem cor, tem raça. A chance de uma menina negra não possuir acesso a banheiros é quase três vezes a chance de encontrarmos uma menina branca nas mesmas condições. Isso sem falar nas mulheres em situação de cárcere que até pouco tempo atrás não recebiam absorventes e ganhavam a mesma quantidade de papel higiênico de um homem cis, que só limpam a bunda.

Por que a higiene menstrual não é tratada como uma questão de saúde pública se mulheres cis, transmasculinos travestis e pessoas não binárias com capacidade de gestar representam a maioria da população? Enquanto o Governo Federal nega a distribuição de absorventes nas escolas, coletivos feministas fazem o corre pra tentar garantir o mínimo de dignidade para as pessoas que menstruam.


mockup de uma camiseta preta com a frase sangro, logo resisto em vermelho puta peita

Esse é o caso do Coletivo Igualdade Menstrual, parceira de longa data da Peita. Neste 28 de maio, Dia Internacional da Higiene Menstrual, lançamos juntas a frase Sangro, logo resisto, com parte do lucro revertido para o projeto que leva educação menstrual à escolas e presídios, realiza campanhas permanentes de arrecadação de itens que são repassados a pessoas em situação de vulnerabilidade e levantam os debates em palestras e rodas de conversa.

Entrevistamos a Adriana Rebicki, fotógrafa, artista, mãe e idealizadora do Igualdade Menstrual.


foto colorida em ambiente externo mulher branca com cabelos cacheados, castanhos, médios com camiseta branca com ilustração de mãos formando um coletor menstrual em vermelho e calça jeans. ao fundo, uma praça.

Direto ao assunto: por que Sangro, logo resisto?

Mais de 90% das mulheres brasileiras relatam sentir vergonha ao menstruar. Além do peso da vergonha, o tabu afasta milhares de meninas das salas de aula, mulheres do trabalho e de suas atividades sociais mais corriqueiras. Menstruar é normal, mas é tratado como se fosse, sujo, vergonhoso e errado. Resistir enquanto sangra (ou menstrua) é lutar por direitos e dignidade para todas. É falar naturalmente de menstruação e quebrar tabus. É levar adiante a mensagem de que podemos e faremos tudo porque nossa força nos faz RESISTIR.

O que é pobreza menstrual e como ele afeta mulheres cis, homens trans e demais pessoas não-bináries com capacidade de gestar?

A POBREZA MENSTRUAL é a falta de produtos básicos de higiene menstrual como os absorventes; é a falta de acesso à água, saneamento e banheiro em condições de uso em casa, nas escolas e no trabalho; é também a falta de conhecimento sobre o próprio corpo ou seja, a falta de educação menstrual. A falta dessas coisas resulta na pobreza menstrual e afeta diretamente a vida das pessoas que menstruam, independente de classe social, está em todo lugar onde o tabu e o preconceito predominam.

No caso das pessoas mais jovens, a pior das consequências poderia ser a evasão escolar já que 1 a cada 4 meninas faltam às aulas durante a menstruação. Não ter acesso aos itens ou a banheiro e água pode acarretar em afastamento social, vergonha, doenças emocionais diversas, falta de participação ativa na sociedade, na comunidade e mesmo nas atividades em casa.

Pessoas que menstruam também convivem com o tabu da dor que muitas vezes é minimizada até mesmo por outras pessoas que menstruam. Isso envia uma mensagem de que temos que suportar e conviver com a dor quando na verdade, dor demais não é normal e acesso à ajuda médica e medicamentos também é um direito de todas e todos.

Sendo propositivas, quais medidas precisamos tomar e lutar para que haja igualdade menstrual no Brasil?

Enfrentar a pobreza menstrual é um dever de todos, menstruantes ou não.
Debater, conhecer, buscar informação é o primeiro passo que todo mundo pode dar. Educar e educar-se é sem dúvida a maior de todas as formas de transformação.

Quais atividades o Coletivo Igualdade Menstrual realiza?

- Levantamos e debates o assunto na web, reuniões online, palestras e rodas de conversa nos mais diversos espaços desde a escola, passando pelas universidades, igrejas, clubes, grupos.
- Levamos educação menstrual em escolas e presídios
- Realizamos campanhas permanentes de arrecadação de itens que são repassados a pessoas em situação de vulnerabilidade
- Trabalhamos em parceria por o poder legislativo na elaboração de projetos de lei que criem políticas públicas de combate e erradicação da pobreza menstrual através das áreas de assistência, educação e saúde.

Por quais cidades o projeto já passou?

Diversas cidades no estado do Paraná como: Curitiba, Piraquara, Pinhais, Quatro Barras, Maringá, Guarapuava, Campo Largo.

Como é feita a arrecadação dos itens de higiene para doação?

Arrecadamos doações através do pix igualdademenstrual@gmail.com (nome de Andressa) ou nos pontos de coleta, a PEITA é o principal deles.

Como as pessoas podem contribuir para o projeto?

O primeiro passo é se informar e debater o assunto em todos os lugares ou mesmo abrindo portas para nós irmos até estes lugares como escolas, universidades, empresas, etc. Além disso, com doações em dinheiro ou produtos. Comprando nossa peita! Participando como voluntário em nossas ações.

Caso alguém tenha interesse em levar a discussão para sua escola, universidade ou empresa, como funciona?

Basta entrar em contato pelo direct do instagram e agendamos uma data para ir.

Quais atividades o coletivo vai realizar neste sábado?

08h30 - Roda de Conversa com as turmas de Psicologia da Universidade Tuiuti
09h às 13h - ação com moradoras de rua: atendimento médico, informação e doação de kits menstruais na PRAÇA RUI BARBOSA
17h às 22h - roda de conversa com bazar e lançamento da nova Peita na RUA PAGU com forró para celebrar o trabalho já realizado.

Indica pra gente alguns filmes, livros e séries que tratam do tema.

ABSORVENDO O TABU - documentário ganhador de Oscar - produzido e dirigido por mulheres (NETFLIX)
RED - crescer é uma fera - sobre a menarca - (DISNEY)

 

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foto Adriana Rebicki.

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