Ser Mulher, Ser Mãe e Ter Prazer

Ser Mulher, Ser Mãe e Ter Prazer

por Larissa Tomass

 

 

As mulheres em geral são vistas como imaculadas, não gozam e são reprimidas a tocarem seus próprios corpos, vaginas, seios e ainda mais, a desenvolverem sua própria sexualidade.

No mês de Março desse ano fui convidada pela Cida Airam – mulherão arretada e minha vizinha – para participar de um evento lindo que ela produz em Curitiba, O “Prazeres Femininos”. É um espaço voltado principalmente a mulheres e assuntos relacionados ao universo feminino em geral. Esse em especial era dedicado ao Dia das Mães, por isso fui falar sobre esse assunto tão importante: ser mãe e ter prazer.

Ser mãe na minha opinião, é uma experiência incrível! É uma ótima oportunidade de desconstruir padrões, reaprender, e se reinventar enquanto pessoa, enquanto mulher. Porém cada mulher é diferente e vive essa experiência como pode e, principalmente da melhor maneira possível.

Uma coisa que falo sempre é que me arrependo de não ter fotografado minha vagina antes do parto da Sol, minha filha de 5 anos. O parto dela foi um parto natural, ou seja, vaginal e sem anestesia. Adoraria saber o que exatamente se modificou por ali no pós-parto.

O parto em si também é uma ótima oportunidade de curar feridas antigas relacionadas a sexualidade. É uma experiência extremamente sexual. Não é à toa que existe o chamamo ‘parto orgástico’, onde mulheres conseguem experienciar orgasmos durante o trabalho de parto. Já imaginou a maravilha? Parir gozando!

Orgasmos em si já são difíceis. Estatisticamente, 60% das mulheres nunca sentiram um orgasmo. Isso é um número alarmante, ainda mais considerando o fato que possuímos essa coisa maravilhosa chamada clitóris, que além de dar muito prazer, proporciona orgasmos múltiplos. Estética e pressão social, repressão milenar, dificuldade de comunicação com o parceiro, são algumas das razões que impedem o encontro das mulheres com sua potência orgástica.

Depois da maternidade esse assunto tende a se complicar. Durante a gestação a libido feminina é uma incógnita. Algumas gestantes sentem muito tesão e outras não podem sentir o cheiro dos parceiros que sentem enjoo. A medida que a barriga vai crescendo a mulher vai se cansando e, pode-se dizer, que se inicia a longa e eterna fase que gosto de chamar de “Reinvenção Sexual”. Porque é isso! Esse é o grande segredo do sucesso e orgasmos múltiplos, junto à masturbação, redescoberta da sexualidade, liberação de travas e outras tantas coisas.

Sexo precisa ser re – vivido, re – experienciado, re – inventado!

No primeiro ano do bebê a libido está toda na amamentação – ela por si só libera toda a ocitocina que a mulher precisa, o hormônio liberado para auxiliar no trabalho de parto e, também, durante a relação sexual e, mais ainda, no orgasmo.

O cansaço e a exaustão impedem qualquer investida de ser bem recebida. O bebê e suas necessidades se tornam A prioridade das prioridades. A mulher fica exausta, seu corpo ainda está estranho, transformado, é um novo corpo que precisa ser redescoberto, amado, experienciado individualmente antes de ser compartilhado com alguém. A última coisa que passa pela sua cabeça é transar!

A medida que o bebê vai crescendo, ganhando autonomia, essa mulher que agora é também mãe, vai também descobrindo esses espaços de encontro. Claro, estamos aqui falando de um cenário saudável, ideal, sem depressão pós-parto, por exemplo, que é um assunto sério que agrava qualquer cenário de pós-parto.

A mulher morre no parto, e junto com o bebê nasce outra mulher, uma mulher nova que virou mãe. É um processo louco esse porque são pelo menos dois anos se redescobrindo de novo. É sofrido, doido, tem luto. É natural sentir saudades daquela mulher que a gente foi um dia, mas é lindo se reencontrar, se sentir mais forte, mais inteira, mais completa. E é possível!

É essencial lembrarmos como os bebês são feitos e desmistificar esse papel imaculado das mães. As mães são mulheres e elas transam e gozam, sim!
Sou Mulher, sou mãe e com muito prazer!

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Larissa Tomass é psicóloga corporal feminista. Em setembro ela ministra o curso "Corpos Latentes: Encontro de Potência Femininas" em Curitiba. Serão quatro meses de descobrimento, reconhecimento e amadurecimento emocional. Lari também é a entrevistadora da PEITA nos mini docs "O que é Luta Como Uma Garota". 

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Arte: Stephanie Sarley

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1 comentário

Adorei, assim que tiver um tempo vou escolher melhor. Parabéns pela iniciativa.Boa noite!

Lula Lopes

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